Nunca me manifestei neste site sobre resultados eleitorais em âmbito maior (níveis federal e estadual), mas tenho feito algumas postagens sobre a situação municipal, em específico sobre a escolha de mulheres para o cargo de prefeitas. Interessada(o)s podem conferir as notas “as prefeitas gaúchas”, além de manifestações relacionadas sobre “a prefeita negra da Baumschneis”, “atenção, hiperracistas, a negra da Baumschneis fica” e “grande Tânia, grande mulher, grande negra”.

Aqui serão feitas apenas duas breves observações sobre as eleições municipais de 2020, também na perspectiva da presença feminina. A primeira refere-se ao fato de que o Rio Grande do Sul ficou abaixo da média nacional, ainda que tivesse havido um aumento de 30 eleitas, em 2016, para 41, agora. Enquanto se informou que no Brasil como um todo 12% dos municípios serão administrados por mulheres, este percentual aqui ficou em apenas 8,2% (41, num total de 497 municípios gaúchos). Por falta de dados, não é possível estabelecer uma comparação naquilo que tange ao pertencimento partidário, mas no RS temos a seguinte distribuição: MDB = 10; PP = 8; PTB = 7; DEM = 6; PSDB = 3; PSD = 2; PDT = 2; Republicanos = 1; PSL = 1; PSB = 1.

A segunda observação refere-se, mais uma vez, à participação da “colônia” na eleição de mulheres-prefeitas. Claro, os dados devem ser relativizados, pois quem olha o mapa político do estado vê que a “metade norte” registra número muito maior de municípios que a “metade sul”, quando o norte é muito mais “colonial” que o sul. Independente disso, os números, porém, evidenciam que as frequentes opiniões que circulam no senso comum de que as regiões de colonização alemã, italiana e polonesa apresentariam problemas de inserção política de suas populações não procedem, quando se observa um fato ou um indicador como a participação política feminina. Os dados concretos são os seguintes: 34 dos municípios que elegeram mulheres como prefeitas localizam-se na “metade norte” do estado, apenas 7 na “metade sul”; 15 desses município são “colônias alemãs” típicas, 10 italianas, e em boa parte dos 16 restantes a presença destas duas “etnias” é significativa; o sobrenome de 18 delas é integral ou parcialmente alemão; o mesmo acontece com 16 em relação ao sobrenome italiano, e com duas em relação ao sobrenome polonês; apenas cinco não registram vestígio de sobrenome de uma destas três origens nacionais. [2/12/2020]